domingo, 23 de dezembro de 2012

Quando a chuva faz amor


Quando o céu ama a terra, ele estende seus dedos molhados para alcançá-la. E quando a acaricia, grita graves de alegria e relampeja fogos de artifício no céu.
A terra, mui amada, também tenta alcançar o céu. Respondendo aos toques úmidos celestes, faz germinar dedos verdes, floridos.
Os orvalhos então sensualizam nas pétalas. O vento nos assovios das brisas entre as copas. E assim, o que alguns chamam de chuva, eu chamo de amor.

N.S.A. 23.12.2012


quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Dinâmica



Não lhe conheço
Teu rosto
Teus braços,
Corpo.

Nada vem à lembrança
Quando te olho

Mas coloque vida
nesse monte de membros,
Mais um tanto
de amor

E tudo que olho
vem
Já me move

Balança.

N.S.A. 10.12.2012
quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Nos dias de meus pais

E será demais pensar no dia que pais não dirão mais 'na minha época, lutava', mas dirão 'nesta minha época, luto'.

E não me entenda mal por lutadores que fazem apenas luto. Mais que contadores de histórias, que ensinam a fazer história.
domingo, 11 de novembro de 2012

Momento


Enquanto digo
que amo o céu
É porque estou amando.
Não amei,
Não amarei,
Amo.


Não museu
nem profecia
O que digo.

Apenas
momento.







Vista enquadrada


A arte muda
Eu, mudo.

És tudo,
Só não mudo
O Ponto de Vista.

Ele grita.

NSA 11/11/12

terça-feira, 9 de outubro de 2012

Acham-me louco


Sei que me acham louco. Por isso fico feliz.
Isso significa que não deixei de fazer o que quero, gosto e sonho. Loucura é desprezar ou esconder esses sonhos para ser 'normal'.
Sou louco, sim. Louco pela vida.


segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Água de sonhos


Água de sonhos



Quero mil anos num lapso
Cem histórias num brilho
Ser história
Sem demora

Mas a vida
não passa
Se arrasta.

Não me aguento,
preciso
ser

Tenho pressa.
Conta as horas
Não aguento

Pois os segundos
são água
rica
de sonhos

Se demorar
Temo
me afogar.



sábado, 29 de setembro de 2012

In[em]vento : reinauguração

Aproveitando a 'reinauguração' do VagoSentido, agora no Facebook, vamos repostar aos poucos os textos mais antigos (juntamente às novas produções, é claro). Aproveite os momentos 'retrôs' e mate saudades (ou raiva, ou risos). Boa estadia!



"Bem-vindo(a) ao meu pequeno espaço de "déjà vu's", lembranças, variações e devaneios. Você pode estar aqui por curiosidade, busca de novos estilos, busca por conteúdo ou até mesmo tédio. Que bom que posso ajudar-lhe (me) a sentir-se (me) melhor. Aproveite a estadia!

Para começar nossas viagens...



Em o Vento do In vento

CRIEI MEU TEMPO PRA CRIAR E GASTAR MINHA MENTE [neste] IN[em]VENTO

Já faz tempo que não invento,
Um tempo pra ser em vento.
Ter tempo pra criar invento,
E me jogar neste ser em vento.

Em vento que sou, me jogo,
E invento o abstrato do meio,
Criando experiências invento,
E resumo este tempo em vento.

Entende o vento do invento?
Só o vento inventa o invento,
Pois liberta a mente ao vento,
E me liga aos meus sentimentos.


Natanael S. Adiwardana [21/11/06]"
sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Preciso



Às vezes
só preciso falar
Sobre tanto
e tudo.

Mas de tanto tudo
que falo,
Há tão pouco
que preciso.

Precioso
tanto,
Pouco
preciso.

N.S.A.
28092012


domingo, 23 de setembro de 2012

Quando decidi amar




Quando decidi amar
Resolvi esquecer o que aprendi
Sobre dor, frieza e histórias tristes

Me jogar em meio aos medos, crimes
Na certeza de que só o incerto saberá
a história que nem sempre acaba bem

Quando decidi amar

Ousei pular
para sentir inveja dos pássaros
E antes que o céu se acabasse
E o chão novamente encontrasse
Sentir no segundo eterno
o que decidi amar.

Mas agora
Encontrei o chão.

Sem paraquedas.
segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Homenagem


Quão fácil seria oferecer honras ou o pódio a quem ganhou uma competição. Colocar quem venceu acima dos outros e de si próprio é a forma mais comum de reconhecimento do mérito e da conquista. Traz sabores de conforto para estes que se esforçaram por subir ao topo. É fruto da vontade de sobreviver, a distinção entre o melhor e o resto que se torna natural, levando muitos a dispender esforços descomunais na busca de superar outros competidores e a si próprio constantemente.

Uma outra forma de reconhecimento, porém, também merece uma reflexão. O reconhecimento que não vem do desejo instintivo por ultrapassar os demais para permanecer vivo, mas do esforço em capacitar e educar para que outros alcancem seu mesmo mérito e distinção, tornando-os não superiores, mas iguais a si e aos demais. Lutar para que todos possam subir ao palco sob a mesma luz dos holofotes é um mérito que não permite permanecer sobre o degrau estreito de um pódio. Pelo contrário, é antinatural, invertendo as prioridades de sobrevivência. É a superação do simples ser para expressar o mais genuíno sentimento do alguém humano. Não se caracteriza pelo individualismo nem pelo altruísmo, mas pela consciência da necessidade de alimentar ideologias e sonhos, na esperança de superar uma lógica exclusivista para que todos tenham o mesmo direito. A partir daí, a homenagem torna-se não o louvor à sobrevivência, mas as boas-vindas àquele que, mais do que todos, sendo como todos, tornou-se digno de todos.
terça-feira, 11 de setembro de 2012

Sala de Espera


Um burburinho nasce junto ao sol. São histórias, falas, pressas e manias diferentes, todas comungando naquela madrugada não totalmente póstuma. A mãe de licença, o senhor cansado.
É ano de eleição. Fofocas e opiniões se revezam entre gargalhadas e birras dos bebês no colo de suas mães. O garoto cansado senta à porta do banheiro público sem se importar com o tráfego. E o painel luminoso dita vagarosamente o ritmo do dia.
Amostra de sangue, urina, fezes? Só quando o atendente chamar. Mas não antes dos idosos, gestantes e mães com criança de colo. Ainda há muitos chamados para se ouvir, paciências para testar, histórias para contar.
sábado, 11 de agosto de 2012

Projeto de morte

Fitar, palpar
correr, estar
chorar, gritar
Pular, amar
Ser, bem
conquistar
Perder
Ver

Tudo
tanto
Quanto
Sei

Decidi

Tudo na vida
já planejei

E tudo que planejei
vivo
está
vivo
agora
vivo
vivo.

Para livrar-me do comum
de viver
pensamento
de mortos planos
quando a vida
morrer
de mim.

Mas se a vida me largar
sem deixar meu corpo
Faça-me o favor:
mande-a embora
não tente trazê-la de volta
para um casco vazio.

Não sou
de ser manipulado
por seus planos.

Eu vivo,
não ela.
Ela é só ela,
um advérbio e objeto

Eu sou o sujeito.




Olhares


Era misteriosa, aquela curva em suas feições. A cada jogada de cabelos ao ar, novas formas se completavam ao rosto, dando a forma de um suave sorriso após um beijo.
Foi quando percebi. Não era ela que ficava mais bonita. Eram meus olhos que denunciavam: vi o amor.

NSA 09082012
segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Saudades de uma noite



Aquela dor,
aquele aperto.
Aquela mão,
fechada no peito.
A angústia,
de ver a liberdade
a um palmo
sem nada para impedi-lo
a não ser sua própria desilusão
De tamanha impaciência.

A lua
fez luar,
só para que ninguém possa lhe tocar
me angustiar,
e morrer a tentar.

Até que o sol me console.

NSA
06082012


domingo, 22 de julho de 2012

Que o sonho de cada dia nos dai hoje...


segunda-feira, 9 de julho de 2012

Procrastinação




Agora vou
ao destino que planejei
Sei
O caminho o qual seguir.
Atrasado
Estou
Pois foi ontem
que falei
Em seguir
e caminhar.
Ar, já me sobra
Mas cansado
fico de pensar
que irei ao destino
[que planejei
pois a paisagem
é agradável,
[não acaba
Já a viagem, acaba.
Já.
Melhor ir.
Amanhã. 
sábado, 7 de julho de 2012

Bodas de prata


Eventos significativos de uma vida exigem uma cerimônia. Pois pessoas gostam de ter certeza que o momento será sempre resgatado e expressado em suas lembranças como algo digno de nota. Querem transformar este momento tão breve de suas vidas em beleza.

Ainda assim, expressar uma vida em palavras; o amor em frases; sensações em segundos; um carinho em sílabas curtas. Não importa o quanto tente traduzir as vivências mais humanas, toda palavra é vã diante das nossas próprias vivências.

Pois o primeiro contato dos olhos, o primeiro som da voz do outro, a sensação macia e áspera da pele do companheiro no primeiro compartilhar de mãos. Ainda que haja a maior das prolixidades vocabulárias, discursos tornam-se tangíveis somente quando a lembrança simpatiza com a forma da palavra do outro. O maior romance da história não pode ser bem compreendido por quem nunca se apaixonou. É inútil falar de sacrifícios, amores e ideologias sem que os tenhamos experimentado.

Falar menos, viver mais. Essa é a melhor forma de se entender as belezas da vida. Se olharem através das palavras e aparências, entenderão melhor do que qualquer palavra o sentimento.

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Confissão

Desejo
de falar 
com a boca fechada, 
o peito aberto, 
Pelas janelas da alma.

quinta-feira, 28 de junho de 2012

Momentos de Vida e Morte

O que me impulsiona. O que motiva minhas decisões e escolhas nessa vida?

Às vezes sinto que é o medo. Do arrependimento, do vazio, da perda de oportunidades, da vida. E desta última é o maior de todos os medos.

Quanta dor estaria eu disposto a sofrer? Quantas decepções, frustrações e vergonhas me permitira suportar para ver, sentir e respirar a vida?

Nestes pensamentos vacilantes então que me vem o beijo. As estrelas vistas numa clareira escura. O cair das pétalas dos ipês roxos ao fim da estação. O sopro do vento entre as frestas da casa. O Olhar apaixonado bobo e sem graça. A fascinação mágica da criança. O conceito de Deus. O abraço apertado. A madrugada bem acompanhada. O descobrir que sua casa não é grande o suficiente para acomodar todos os amigos. A beleza do corpo. A beleza da alma.

Meu medo então não é o de viver. Também não é o de sofrer. Meu medo é de que, no momento que eu morra, tenha só pensamentos vacilantes.


sexta-feira, 22 de junho de 2012

Inspiração



Lhe quero
não me vens
Rebelde
Onde estás?

Por que a demora?
Não quero esperar
Assim sufocas,
provoca.

E quando não posso
Não quero ou não deixam,
Me assaltas,
Sequestra.

Seduz-me à tentação
De soltar minhas rédeas
Sentir meus grilhões
Viver minhas prisões

E me abre mil céus
Liberando escarcéus
Confessando emoções
Restaurando o perdão.

Perdão de mim mesmo
De você para mim.

Só não deixe de estar
Me prendendo outra vez.

Boa noite.
domingo, 10 de junho de 2012

O medo dos pássaros

Dentro,
Abaixo de tua pele
Sente
e sabe que sente.

No olhar de cada dor
Visão de todo ódio
Prisão de cada medo
Treme
nas pontas de teus dedos.

Fundo,
nas entranhas, escuta
O arrepio da alma
Por cada sofrer.

Abismo
a revolta contida,
Volta a mão estendida
Sangra o choro a pedir.

Lembra
que só saindo de dentro,
indo ao redor,
subindo do fundo
e voando do abismo
É que verás o sorrir.

Sai do penhasco
Resgata tuas lágrimas
Traga tuas forças
Descubra-se não invencível
Mas inabalável sobre as derrotas.

Pois valerá uma vida
profunda?
Adiantará não conhecer o céu
e os ventos sob suas asas?

Liberta-te pássaro jovem!
Voa sobre o medo da queda
Joga-te de cabeça
nos teus sonhos de ventos.

Ensina também teus amigos
Para que juntos sigam mais leves
Trocando frentes e brisas
Sem jamais desistir do caminho.

Você nasceu
para muito além
da superfície.


N.S.A. 10/6/12



quinta-feira, 31 de maio de 2012

Conhecimentos


Conhecimentos

Conhecer,
Viver outros mundos
Sabores e dissabores,
Dores de Amores,
Questões de crises sem fim.

Conhecer
Estados de humor alterados
Beleza em espelhos quebrados
Loucuras naqueles mais sábios.
Questões de vida sem fim.

Conhecer,
A vergonha da expressão explícita,
A Morte da amizade infinda,
a ida da estação amena.
Questões sem respostas, enfim.

N.S.A. 24-05-2012
terça-feira, 1 de maio de 2012

Anteparo



"Nas vidraças,
Imagens astigmáticas
Nos olhos,
Visões de interpretações dúbias
Nas ideias,
A angústia por ver através dos vidros...

Malditos sejam vendas e anteparos!
Devolvam-me a leveza,
A confusão das cores,
O furor dos movimentos!

Não desviem mais meus olhares,
Mostrem-me o que realmente sou,
Revelem-me minha sorte,
Atravessem minha carne.

Se não assim,
Doutra forma,
Se não direto,
Usarei o reflexo.

Através do anteparo,
Reflito-me por dentro para ver-me fora, liberto."

N.S.A. 
01/05/2012

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Contra o verso


McConell, A. - WorldPressPhoto.Org 2011

"Há controvérsias, próversias... contra os versos, prosa e versos... Contra meus versos, poesias."
N.S.A.
14/02/2012
segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Não queria as teorias...


Certa vez escrevi que a existência e a ação só significam algo para nós quando lhe expressamos e damos o devido valor em nossas crenças e atitudes. Valor este que se dá através de uma postura combativa e ativamente questionadora dos parâmetros e condições além de nós. Para não complicar muito, seria fazer mais e sentar menos, por todos, não pelo individual.

Neste momento, estou refletindo sobre as minhas atitudes sobre esse valor. O próprio fato de estar aqui sentado, escrevendo ao invés de estar ocupando ruas ou criando novos projetos sociais leva-me a questionar o meu valor. Afinal, seria este pregador um fariseu? Estaria falando do santíssimo enquanto me assento no conforto de minhas riquezas?

Há tempos que busco encontrar minha verdadeira vocação para este valor. Meu primeiro chute: a religião. Infelizmente esta me jogou para os panos suntuosos da sabedoria, caridade e autocomiseração. A segunda tentativa: a medicina. Esta ainda estou a tentar, mas, embora admire-a muito, não me vejo combativo na área investigativo-científica do corpo. E, por fim, pela terceira vez tento encontrar um jeito de dar valor ao mundo e aos outros. Desta vez escrevendo. Talvez com a tinta e o papel eu consiga expressar a ação que dará valor às outras pessoas. Embora continue a sentir-me um hipócrita por só poder tentar ao invés de conseguir.

Sei que somente pela escrita um legado de valores pode ser transmitido e difundido para mais pessoas. Ainda assim, não me aguento ou me gosto ao pensar que minhas mãos estão segurando penas e cadernos ao invés de mãos, braços e corações. Os teóricos que me perdoem, mas acho que sou teórico por natureza, não por opção.
terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Arrependimentos


Dos olhos que se fecharam
na hora errada,
Das frases que foram ditas
e não pensadas,
Da paixão que se sentiu
sem descobrir,
Arrependo-me.

Dos sonhos vistos
sem tocá-los,
Das dores sentidas
em exagero,
Da falta de vontade
pelo normal,
Arrependo-me

De amar alguém
sem ser amado,
De pelo certo
acabar errado,
De estar sempre
arrependido.

Arrependo-me.


N.S.A
31/12/2011
 

Eu.

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