quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Educação em Saúde

Galera,

numa das matérias que aprendo na faculdade (IUSC, Interação Universidade Serviço-Comunidade) aprendi algo muito legal sobre educação em saúde. Percebi que mais do que ensinar sobre prevenção e tratamento de doenças, essa medida é uma forma de promover a integralização de ideias tão diferentes em um ambiente democrático. Abaixo vai meu último relatório sobre o tema. Confiram principalmente a narração. Espero que a aproveitem :).



A narração:


"Eram dois caras pintadas. A diferença era que seus gritos não eram para derrubar um presidente, mas para levantar a alegria de conhecer e aprender de crianças. Entre correrias e gritarias, foi incrível aquela recepção calorosa ao palhaço Sujão que chegara atrapalhadamente atrasado. Ainda mais extraordinário foi perceber como a história da palhaça Limpinha não foi uma simples distração ou algo parecido com os famigerados sermões de um adulto. O primeiro erro de Sujão ao não lavar as mãos foi repreendido como se fosse o maior ridículo do mundo por não saber. Elas realmente haviam entendido a idéia da peça; e o papel de escracho do ridículo e dos erros do palhaço estava funcionando.

Foi um turbilhão de pensamentos e sentimentos que demorariam a ser resolvidos somente naquele instante em minha mente. Durante o percurso em que cada criança se divertia, não somente elas aprendiam como um mar de palavras e conceitos jamais antes por mim vividos tornou-se explicitamente claro e importante para minha vivência como estudante e profissional. Notei a extensão do conhecimento dando sentido a todo aquele cansaço, gritaria e calor que se instalavam e me desgastavam.

Compreendi porque Paulo Freire criticava tanto a extensão que não atua como uma forma de comunicação. Finalmente entendi a simplicidade que as professoras tanto tentavam ensinar através de tantas palavras: para cuidar de crianças, saiba o ser criança; para tratar doentes, saiba o ser doente; para convencer sadios, saiba o ser sadio. Não se promove educação popular pensando pelo sujeito. Ao contrário, o saber de cada pessoa lhe é importante e, talvez, a única palavra que possa lhe impactar e trazer o real significado ou importância de certas medidas ou conceitos. Logo, despertar a curiosidade e a vontade pelo conhecimento é muito mais eficiente, por mais superficial que aparente. Afinal, é mais fácil a criança entender que lavar as mãos é uma obrigação divertida e agradável do que explicar-lhes toda a morfologia e etiopatologia de cada protozoário e helminto existentes. Certamente, diante daquelas frutas de bexiga tão divertidas, o sorriso no rosto de cada criança não é de significância subjetiva, mas a forma científica e eticamente mais correta e adequada de se promover saúde para aqueles pequeninos. E não somente nos outros, mas o compreender a maneira de cada tipo de pessoa se relacionar com o mundo formou em mim uma forma totalmente diferente e aberta de relação com o meu cotidiano e minhas pessoalidades. Contrariando a lógica tradicional de promoção de saúde hierarquizada, percebi que também tenho minhas interpretações próprias sobre o que sinto e vejo nesse mundo e, se os expressassem, talvez o inferior e ridículo fosse eu no meio dessas crianças.

Agora sei que, mais do que uma ação com caráter de assistência e ensino, a educação em saúde permite-me sempre aprender e transformar-me, junto àqueles que busco transformar e tratar."

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